domingo, 29 de julho de 2012

Fábrica de Ilusões

   Dando continuidade ao tema deste meu blog, irei explorar a ilusão a qual todos nós estamos sujeitos nos dias atuais, a ilusão que forja um ser humano superficial, insatisfeito, deslocado,consumista e acima de tudo infeliz. Trata-se de um poema forte mas sufocado e quase cínico, pois é quase difícil de enxergar algo que nos é ensinado desde cedo como normal.




Fábrica de ilusões

·                      Do capitalismo financeiro
(Especulativo e ilusório)
·                     Da economia de valores humanos
(Falta de ética, mentiras, enganos)
·                     Da escassez de significado para a vida
(Sem esperança e sem saída)
·               Da produção em escala
(Sobra em excesso, ao povo migalhas)
·                     Do consumismo exacerbado
(Totalmente desenfreado)
·                    Do marketing de simulacros
(A inventar necessidades
e a encobrir as de verdade)
·                    Do setor financeiro
(Reduzindo o custo próprio,
aumentando o alheio)
·                    Do resultado do exercício
(Amor líquido, fluidez, vício)
·                    Da fábrica de produção em massa
(Cujo principal produto é uma vida de farsa)
·                    Do seu principal insumo
(Ilusão! Bom consumo!) 

Lucílio Fontes Moura


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sexta-feira, 20 de julho de 2012

Feliz dia do amigo!

Aproveitando esta data de hoje que de mera convenção lá tem sua utilidade. Pois que fique de hoje combinado que o exercício da amizade é excelente todos os dias. Escrevi algo para hoje, é claro, espero que gostem!

Feliz dia do Amigo!



Se algo aprendi sobre a amizade
Pois que o vivo e sendo assim é verdade
É que o tempo juntos faz amadurecer
Enquanto a saudade forte faz fortalecer

Assim nasce um elo, uma conexão
De frases completadas e adivinhação
Quase mágica, telepática, incomum
Nas conversas, pensamentos em comum

Quando a boa amizade é o que se tem
Passa o tempo, dia vai e dia vem
Não há escuridão que provoque desalento
Juntos estaremos, mesmo que em pensamento

É assim nossa amizade,
De siameses conectados via wireless
De idéias em comum sem evidências
Com um destino desses
É quase difícil acreditar em coincidências

Lucílio Fontes Moura


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sexta-feira, 13 de julho de 2012

Pluralidade


Acho que o que torna a poesia sempre única é a carga de experiências, vividas de um modo único pelo autor, contidas nela. Ao ser escrita, a poesia fica impregnada de vivência e por isso conhecer o autor é fundamental para compreender seus escritos. E toda a poesia é construída de camadas, pode-se alcançar toda a essência do autor ali, em poucas linhas, quanto mais se cava, mais se descobre, poesia é coisa infinita. Hoje posto um poema que é fruto de reflexões filosóficas minhas, e quem nunca pensou nessas questões de existencialismo e de identidade que atire a primeira pedra.




Pluralidade

Consegue sentir a escuridão deste som
Que neste exato momento está a ouvir?
Este som é silencioso segredo subjetivo 
Num corpo irracional que nada sabe
É a razão de um ser que dele se vale

Ainda falta saber
Quem sou Eu?
Quantos sou Eu?
O que é afinal o Eu?

Nesse mutualismo misterioso sem se definir
Sabe-se apenas da condição de existir
O ventrículo controlado é a própria prisão
Mas não se sabe o que está preso,
Tudo é mera ilusão

Mas tudo é um breve contratempo
Brinca a equação no espaço-tempo
Com as suas infinitas variáveis
Gira a roda do destino
Multidimensões
Todas as possibilidades.



            Lucílio Fontes Moura


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